O Jogador


No campo da publicidade, Rogerio Faissal é reconhecido e admirado pela sua fotografia paciente e certeira. Basta citar que em 2008 foi  estaque da Associação Brasileira de Propaganda como “Fotógrafo do Ano”. No momento em que a tecnologia digital habilita tantos fotógrafos, Faissal faz a diferença provando que o meio da comunicação é prerrogativa dos bons profissionais.

No espaço expositivo da Caixa, o profissional faz uma saudável pausa para se auto provocar e investir seu repertório a favor da própria história. O resultado é um ajuste de identidade que nos leva ao mundo do futebol: Faissal é peladeiro praticante e acompanha o Flamengo de perto.

Sua série de imagens das traves noturnas na praia é arte em versão escultórica. O deslocamento da função óbvia do jogo, sem a bola e os jogadores, produz um silêncio às vezes perturbador e poderoso. São esculturas brancas em forma de palitos dispostas ao longo do percurso que o fotógrafo faz diariamente do estúdio até a sua casa.

As caixas interativas são um quase cinema, como as antigas moviolas, com imagens sequenciais de um futebol simples e tosco que remetem a matriz do futebol de várzea. Vejo nessas caixas uma possibilidade de conectar sentidos, um processo de finalização para dar visualidade a uma história.

A escolha pela ambientação sonora de uma pelada com seus longos silêncios em contraponto às vozes dos peladeiros em seus lances prosaicos intriga pela ausência do onipresente locutor ou das interjeições amplificadas das torcidas, entidades auditivas de nossa experiência midiática quase sempre radiofônica ou televisiva com o futebol.

Com esse trabalho, Faissal nos aproxima dos seus sonhos e dos segredos do futebol. 

Rogerio Reis ­