ARQUEAUTOLOGIA

 

“O ato de adquirir qualquer objeto propicia a sensação de conforto, bem-estar, abundância, poder e até mesmo de status, o que para muitos significa atingir a felicidade” (BAUDRILLARD, 1995).

A questão da felicidade surge como solução para a igualdade entre os seres, e a apropriação de intenso volume de bens gera uma falsa perspectiva de bem-estar de todos. Nesse sentido, a aquisição de objetos como o automóvel, é tida como símbolo do êxito social e da felicidade. Esse fato ocorre porque a esses objetos é atribuído um valor que vai além da sua finalidade de uso.

Neste momento, em todo o mundo, a dependência do homem em relação ao automóvel é discutida, com o objetivo de torná-la mais racional. Menos individual. Talvez isso se deva as sensações contraditórias provocadas pelo automóvel. Associados a atributos potentes, como velocidade, força, robustez, beleza, homens e mulheres se deixam seduzir e passam a ser, no comando de seus carros, pessoas que não são. O automóvel passou de uma ferramenta da sociedade para um item de competição; e ela tornou-se dependente deste objeto.

 

Cemitério: Os carros abandonados, queimados, enferrujados, esperando amontoados para serem transformados em blocos de metais compactados. As imagens remetem a um cenário pós-apocalíptico, com carros parados como em um engarrafamento, num território que lhes parece estranho, abandonados pelos seus, um dia, felizes proprietários. Objetos escultóricos feitos de metais retorcidos empilhados numa longa passagem do tempo.

Ícone: Série de veículos abandonados, um ícone do mundo automobilístico mundial: a Kombi. Fotografias deste símbolo, que não é mais produzido, mas ainda desperta paixões, em uma série de fotografias, onde parecem cuidadosamente estacionados por seus donos, mas que agora sofrem a ação do tempo em suas carcaças.

Templo: Nas estradas, as paradas para abastecer ou mesmo para um lanche rápido eram obrigatórias. Porém, nesta realidade fantasma, não recebem mais os viajantes. Esquecidos, abandonados, consumidos pelo tempo, os templos de consumo das vias estão sem função e agora sofrem pela ausência. Carros já não param mais ali. Pessoas não circulam mais. Não há mais vida naquele ambiente.

Matchbox: Um painel com mais de 400 fotografias de Fuscas, é uma homenagem, com uma dose de humor, a esse incrível veículo que desperta amores verdadeiros em todo o mundo desde 1936. Nesse sentido faço aqui referencias as memórias das pessoas que, na infância, colecionavam carrinhos.

Arqueautologia: Como num sítio arqueológico, restos de automóveis, formam a imagem de um carro que sofreu com a passagem do tempo, esperando para serem descobertos e fruto de estudos do comportamento de uma sociedade em uma era remota.